terça-feira, 22 de março de 2022

Lápide.

Se pensa que escrevo para deixar algo para o mundo está enganado, seu moço. 

Nada devo ao mundo, devo apenas a mim mesma. 
As promessas que me fiz, e que ainda pretendo cumprir.

Pensando assim, o mundo também nada me deve, ao contrário do que já achei que ele me devia. 

Por toda dor e pouca alegria. 

Mas se não escrevo para deixar algo para o mundo, por que, então, eu escrevo?

A explicação é bem simples, até. 

Escrevo porque desejo.

Porque quero, porque vejo lampejos, prevejo o que posso me tornar. 

Caso assim eu queira.

Quando escrevo me descrevo.
Se não escrevo, 
Me sufoco.

Morro, enforcada na curva de uma letra cursiva...

Não com S, de suicídio, mas com o L,
Do quão livre eu pudera ser um dia, 

caso tivesse escrito. 

Então repito: escrevo pois sobrevivo, 

pois senão eu morreria...

Pobre, de cultura.

Sozinha, e sem versos em minha sepultura. 

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