terça-feira, 22 de março de 2022

Escrever por amor

 
Escrever por amor? Quem dera. 

A unica coisa que o amor me deu foi uma pilha de papel velho em minha mesa, somado a uns tantos traumas. ( E chifres, não esqueçam que sou pernambucana, todos sabem que Recife vai se acabar em gaia. ) 
 

Tenho alergia a poeira e a terapia é muito cara. 

E essas merdas de textos são de graça. 

Quando lançaram o Amor na terra, os Deuses nos fizeram foi uma piada grosseira. 

Pois é, de graça, toda essa desgraça. 

Onde está a graça? 

Em algum inferninho por ai

onde estarei logo mais, 

Até mais. 

Perguntas sem respostas.

A verdade é que busquei por respostas para perguntas que nem mesmo sabia quais,
nas esquinas que andei e nos jornais que fingi ler no ponto do ônibus,
nos inúmeros discos das rádios que ouvi
e nas meias palavras saídas de tantas bocas por ai.

Mas é difícil achar respostas se você não sabe nem ao menos qual são as perguntas. 

Há uma inquietação dentro de mim. 

É, Gato de Winchester, se a gente não sabe pra onde ir: qualquer caminho serve. 

E se não sabemos quais são as perguntas, qualquer resposta deve servir também. 

Reconstruir envolve destruir primeiro.

 Você me quebrou 

Em tantas partes que mal pude contar nos dedos
E você partiu 
Levando tudo que eu demorei anos para construir 
E você sumiu
Por tanto tempo que pensei até que você não passou de delírios meus
E você me deixou
Naqueles momentos em que deixo a tv ligada para não me sentir tão sozinha
Para não acabar surda com os ecos da sala vazia.

Meu padrasto é pedreiro, entendo uma coisa ou outra de construção,
ele e mainha se deixaram tantas vezes que também aprendi sobre reconstrução. 
Meus delírios são mais confiáveis que você, custei a perceber, 
e de tanto ouvir telejornais, tive assunto pra por na minha redação. 
Agora que descobri que sobrevivo muito bem  com a sua falta, não faço questão de sua presença.

Volte para o quinto dos infernos de onde saiu, passar bem. 

PT bem dado é lição aprendia.

 Amar você foi como aquele porre que tomei de estomago vazio

Eu sabia que era uma má ideia, mas uma pequena parte de mim
Aquele pedacinho autodestrutivo, me dizia que talvez pudesse dar certo 

Odeio ter de dizer o obvio, mas não deu
Se tratava de vodca pura e cigarro barato

Fiquei bêbada muito rápido.

E foi divertido, nos primeiros momentos foi
Até que eu falei de mais, e me expus de mais
Briguei no bar
Quebrei garrafas
Dancei encima da mesa, 
e nada pareceu importar 

Mas a dor de estomago veio, e enjoou também 
Minha cabeça rodou, e o banheiro por horas teve minha companhia 
Naquela madrugada, estive sozinha
Dispensei a ajuda de todos os amigos que tentaram
Enfrentando as consequências das minhas imprudências discutindo comigo mesma 
Sentada sozinha na mesa

Hoje não é diferente.

Encaro as consequências, desta vez com umas boas doses de vinho após ter me alimentado. 

Aprendi a lição. 

Nascidos em 2000.

 Por vezes me pego pensando a respeito do que é ser jovem hoje.


A constante sensação de ter vivido tantas coisas e ao mesmo ser tão novo para tantas outras. 

Como sempre estar de mal com o tempo, de tal forma que não o percebo passar nem o assisto se arrastar. 

Uma enorme dualidade, sempre dividido entre uma coisa e outra, pressionados a decidir.

Logo.
Já.
Pra ontem. 


E por falar em decisões, está aí o grande bicho-papão. 

Nossos dias passam aquela sensação de que tudo está se acabando, enquanto sentimos que podemos dominar o mundo, mesmo quando não conseguimos sair do quarto.

Tudo é novo, ultrapassado e depois retorna a ser novo... de novo.

E a gente reclama no Twitter.


Vivemos na borda, no limite,

na beira do penhasco, esperando que alguém nos empurre...

ou simplesmente fingindo um tropeço, para cair mais rápido. 


E gostamos disso; de falar muita coisa e não dizer nada. 

E é tudo confuso, sem que tenhamos a minima vontade de explicar. 

No fim do dia podemos ser apenas um conjunto bobo de erros idiotas e decisões ruins.

Mas o que seria de nós sem toda essa confusão?

Bem, eu, certamente, não seria eu. 

E nenhum de vocês desocupados estariam aqui lendo as merdas que escrevo quando estou sóbria o bastante pra conjugar alguns verbos ruins. 

Desafinado.

 Tentei tocar nossa música num violão que faltava uma corda, o som saiu desfocado,

junto a minha falta de habilidade, foi um verdadeiro desastre
poluição sonora
Tentei amara alguém depois de você
Assim como meu violão, algo me faltava
E isso impedia que as coisas transcorressem normalmente
Adicionei uma corda ré na minha lista de compras 
E escrevo isso para lhe dizer que preciso que você me devolva o meu coração
Quem sabe assim eu possa amar novamente, 
e tocar novamente meu pobre violão.  

Metamorfose.

 Sempre me perguntei como um corpo tão pequeno consegue suportar tanta dor dentro de si, o peso de toda uma vida somado ao peso da mudança. 

Assim me dei conta de que cada um de nós é um universo, e que a mudança é dolorosa porém necessária. 

Até um pequeno ser considerado irracional lida com a mudança com mais facilidade que nós, seres providos de inteligencia, e talvez seja essa mesma inteligencia o motivo que nos faz demorar a aceitar o novo.

Quando não agimos por impulso, influenciados por nossas emoções e pensamentos, calculamos, organizamos e perdidos nesse mar de pensamentos, papéis e horários, não nos damos conta que o tempo está passando e assim a mudança chega, silenciosa e traiçoeira.

Faz um grande estrago, põem tudo ao avesso, uma grande bagunça. 

Pensamento equivocado o meu! 

Ora, a mudança é tão silenciosa quanto as ladeiras de Olinda em em prévias de carnaval.

Ela grita. 

Ninguém ouve.

Ela liga para avisar que está a caminho, mas ninguém atende a porcaria do telefone. 

Por vezes até se desespera, se descontrola, como uma menina claustrofóbica, e sufoca toda aquele que ousa tentar calar sua voz...

É um medo irracional este que temos da mudança, mas uma coisa é certo: Exageramos tanto na borda do ser ou não ser, apenas para no fim do percurso descobrirmos que parte de nós sempre tende a morrer enquanto mudamos. 

Talvez por isso eu tenha tanto medo da menina mudança.

Lápide.

Se pensa que escrevo para deixar algo para o mundo está enganado, seu moço. 

Nada devo ao mundo, devo apenas a mim mesma. 
As promessas que me fiz, e que ainda pretendo cumprir.

Pensando assim, o mundo também nada me deve, ao contrário do que já achei que ele me devia. 

Por toda dor e pouca alegria. 

Mas se não escrevo para deixar algo para o mundo, por que, então, eu escrevo?

A explicação é bem simples, até. 

Escrevo porque desejo.

Porque quero, porque vejo lampejos, prevejo o que posso me tornar. 

Caso assim eu queira.

Quando escrevo me descrevo.
Se não escrevo, 
Me sufoco.

Morro, enforcada na curva de uma letra cursiva...

Não com S, de suicídio, mas com o L,
Do quão livre eu pudera ser um dia, 

caso tivesse escrito. 

Então repito: escrevo pois sobrevivo, 

pois senão eu morreria...

Pobre, de cultura.

Sozinha, e sem versos em minha sepultura. 

Dos mesmo criadores de O Brasil me obriga a beber, vem ai: A vida me cansa.

 Lembro de dizer assim pra mainha: estou tão cansada. 


E ela parou a xícara no ar, a caminho dos lábios, entortou a cara e respondeu:

Mas

minha filha,

tão jovem? 


Sim, muito jovem para estar tão cansada, ainda sim estou. 

Já faz alguns anos, mas ainda mantenho o mesmo estado. 

Ora, eu sou uma escritora. Boa ou má é detalhe, mas ainda sou jovem

e estou cansada.

Incoerências.

Quando seus pensamentos estão incoerentes 

Ela se sente perdida mesmo quando tem acabado de se encontrar
Vagueia em devaneios, caminha entre quartos e salas de estar 
Tenta por as coisas de volta no lugar

Quando seus pensamentos estão incoerentes

Ela liga o rádio
Passa um café
Acende um cigarro, consome um maço 
E se pergunta o que fez de errado

Quando seus pensamentos estão incoerentes 

Ela desempacota a mudança
Organiza as prateleiras
Revive as lembranças 
e descarta todos os sinais de esperança

Quando o seus pensamentos estão incoerentes 

Tudo ao seu redor é um pouco confuso
e mesmo em um lugar tranquilo
Seu mundo não soa menos esquisito
Dessoante, ainda assim combina com sua incoerência 

Quando seus pensamentos estão incoerentes 

Até o álcool se torna ineficaz 
Ela se sente incapaz
Até mesmo tenta seguir em frente



Mas tudo que faz é olhar para trás.

Eu odeio despedidas

 
Porque partir envolve partir.

Partir-se ao meio;

em sonho, esperança e saudade. 

Deixar de lado coisas 
e para trás algumas... "Bobagens." 

Que até gostamos,

mas não cabem na bagagem. 

Bagagem é coisa que a gente leva, 

leva, 

leva até tomar coragem pra também deixar para trás.

Óie só! Quanta coisa nos remete a atrás:

Deixar para trás. 

Olhar para trás...

Ir atrás,

longe,



distante
(de lá trás). 


Eu só quero... quero não,

espero!

que não decida voltar atrás...

Não agora, depois que decidiu partir. 


Porque sua partida me partiu 


( e eu já me cortei de mais tentando juntar meus cacos ).