Fico imaginando você de mãos dadas comigo
Desviando das pessoas sentadas às mesas dos bares lotados
Daquela avenida movimentada
Que fica fechada
Aos fins de semana
E se parássemos na vendinha hippie ?
Eu te compraria um colar de pedra
Ou
Brincos de concha
E te veria revirar os olhos
Por eu saber todos os significados
E todos os nomes
Das pedras
É, você nunca foi alguém que se atém a simbolismo.
Ou até mesmo ao misticismo.
Irônico.
Passaríamos na barraca de tiros ?
Não sei se você gosta de armas
E quais seriam os loucos que pagariam dois temers por três tiros ?
Eu pagaria.
Mesmo sendo péssima ao segurar a espingarda de pressão
E tendo uma mira horrível
Você me pediria para acertar a caixa de chocolates ?
Bem, eu tentaria.
Mas falharia miseravelmente
Porque me distraí ao puxar o gatilho
Pois algo na sua expressão
Ao me ver concentrada em algo
É muito mais interessante
Que qualquer outra coisa
A verdade é que você foi meu clichê mais desejado
Aquele que nunca aconteceu
Mas eu sempre quis
Um passeio de verão em Gaibu
E queria até mesmo
Você sentada no meu colo
Numa cadeira de balanço da varanda
Enquanto leio um livro qualquer
Numa manhã chuvosa
Ou um rádio velho tocado nossa música no fim de tarde de um domingo ensolarado
Enquanto eu te ajudo a preparar o café
Eu quis você me apertando os dedos da mão
Quando passar alguém bonito
Sem notar que eu nem mesmo olho
Perdida na sensação da sua mão na minha
Eu quis todos os abraços de até logo e os beijos de bem vindo de volta ao chegar do trabalho
Eu quis tudo isso e mais um pouco
Mas talvez seja porque o Eça disse que os amores eternos são os amores impossíveis
Que nada disso tenha sido possível antes
E nunca será
Pois somos como aquele livro
Que foi uma boa ideia, ah, foi uma ótima ideia
Mas o autor não soube como coloca-la em palavras, mas publicou mesmo assim
E somos iguais.
Uma boa ideia perdida num emaranhado de palavras mal escolhidas, ao acaso jogadas num papel empoeirado
E talvez a gente nunca passe disso.
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