segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Cássia

Por algumas horas madrugada adentro, me perdi entre alguns pensamentos deconexos e as palavras que minha mente insistia em juntar ao seu respeito. 

De algo eu tinha certeza; eu não sabia como descrever aquela garota, agora, mulher. 

Os anos passaram, alguns meses despercebidos, era certo. 

Muita coisa havia mudado. 

Tudo sobre sua aura, que continuava a mesma, mas era diferente em alguns aspectos. 

Se eu tivesse que tecer um personagem, em base do que conhecia de Cássia, ou no que via, ouvia ou até mesmo sentia... 

Pouco se pareceria com a atual realidade, e isso não seria nem de longe algo sensato. 

A verdade é que eu a via, na essência do frevo, da folia, até nas bebidas típicas do estado. 

Cássia era Pernambuco, em todos os sentidos. 

Sabia ser caótica, cultural.

Tinha lá os seus segredos, mistérios, fantasma em gavetas, como qualquer folião em meio ao carnaval. 

Mas ela era diferente. 

Até mesmo em ser comum. 

Era curioso como conseguiu se encaixar em uma vida normal, rotineira, e mesmo assim ser diferente das demais. 

Se eu realmente fosse escrever sobre Cássia, seria algo como uma composição do Alceu, com um pouco de SOAD. 

As vezes eu me confudia. Seria ela a Belle de Jour, ou a Belle de Jour era ela? 

Eu não sabia dizer, de verdade. 

Eu nunca escrevi sobre Cássia, e nunca irei escrever. 

Mas se um dia acontecer, talvez eu fale do maracatu, ou do coco de roda... Dos eventos underground em que nos encontravamos, quem sabe. 

Escreveria sobre sua naturalidade em falar da erva, das plantas e planaltos, do seu engajamento em projetos sociais... Do quanto seus cachos combinam com as cores de flores de pampolas, ou do quanto eu acho que girassol é a sua flor... E amarelo é sua cor. 

( Aura dourada, sempre teve ) 

Aquele tipo de pessoa cativante, que te lembra a raposa do pequeno príncipe, mas tem um sorriso imenso, que te lembra do gato da alice...

sem todo aquele lance psicodélico. 

De olhar tão doce, ao mesmo tempo que era sério...

Também é aquele tipo de mulher que eu costumo dizer que tem o "olhar de Capitu", mas nela também há um pouco de Gabriela.

Isso porque ainda não mencionei o sol na praia, e seu cheiro de sombra abaixo de cajueiro. 

Seu abraço faceiro, como uma conversa descontraída na calçada de uma viela.

Há tantas outras coisas que eu poderia escrever, mas não sei se me sobraria papel para qualquer outra coisa que eu fosse fazer. 

Talvez, se um dia eu realmente for escrever sobre Cássia, temo que eu tenha que passar numa papelaria antes. 

Anotaria também o que meus amigos do outro lado falavam, e falam. Seriam tantas coisas, tantas palavras...

Seja por isso, ou por qualquer outro motivo, eu não me atrevo a escrever sobre Cássia. 



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