domingo, 21 de julho de 2019

Mudanças

A tempos eu já não sou mais a mesma, eu reconheço.

Costumávamos ser parecidas...  em alguns aspectos.

E, idiotas ao ponto, mantive esperanças de que você talvez pudesse se apaixonar pelo o meu novo Eu. 

Assim como fez com todos os outros.

Mas você já não é mais a mesma. 

E não costuma mais fazer a mesmas coisas.

Seu novo eu cansou de ter que se reinventar sempre que eu mudava, e assim, acompanhar minha mudança. 

Você cansou de alguém que mantia diversas faces, e de tantas mil maneiras que eu podia ser, apenas algumas você amava. 

Lembro do dia que me confessou odiar o meu Eu escritor, pois nunca sabia de quem se tratava o que eu escrevia. 
Odiava com todo o seu ser o fato de que nenhum texto parecia ser para você, e que cada eu lírico meu... 

Cada maldito Eu lírico meu, parecia estar apaixonado por um outro alguém. 

Que não era você. 

Que nunca era você.

Mas, meu bem, que grande equívoco o seu! 

Todo Eu lírico meu, é apaixonado por um alguém, que me remete algo seu. 

( Eu sei, sou babaca ao ponto. )

Seja seu riso escandaloso, mas que de um jeito estranho invade minha veias, e contagia todo o meu ser... Sua risada vibra em mim. 

Seja os seus olhos, que tudo esconde, poucas coisas me revelam e me intrigam sempre que podem. 

As curvas de sua pele, tais como as letras cursivas de minhas cartas...

Meu bem, um dia te disse que não havia um bar nessa cidade que eu não tenha falado de você. 

Hoje te digo que não há um único texto meu, que não tenha algo de você. Falando de você, ou para você. 

Mas hoje isso já não importa mais, você cansou dos meus Eus. Sejam eles líricos... Ou apenas Eu. 



quinta-feira, 11 de julho de 2019

Amnésia alcoolica


Numa das noites que sai para encher a cara o suficiente para não me afogar na minha saudade, pela primeira vez meu plano deu certo.

Mas o tiro saiu pela culatra.

Entrei em desespero ao descobrir que eu já não lembrava como era o seu toque, ou o cheiro do seu perfume... nem mesmo o gosto do seu beijo.

Fique desolada, pois na pressa em me livrar do incômodo em meu peito, te deixei cair em algum lugar no caminho.

Corri todo o percurso de volta, puxando na memória todos os momentos;

mas nada veio.

Eu me joguei nos braços do primeiro que apareceu, na vaga esperança de que aquilo de alguma forma me trouxesse de volta as lembranças, ou que me fizesse esquecer de vez.


No outro dia, lamentei com suspiros doloridos, perdida na minha ressaca


moral e de bebida.


As lembranças voltaram, e eu desejei com todas as forças...

Que apenas a enxaqueca me atormentasse naquela manhã.


Meus pedidos não foram atendidos, seja lá pra quem eu o fiz. 


É errado procurar nas outras pessoas um alguém que você sabe onde vai encontrar.

Mas oque posso fazer?


Me disseram que você mudou de endereço. 


Apaguei seu número. 


Não sei mais onde te encontrar, além das entrelinhas dos meus textos antigos.

Já amei alguem


Já amei alguém.

Já amei tanto alguém, que era como se meu mundo inteiro girasse em torno dela.

Já amei tanto alguém, que a simples menção do nome dela, me tirava dos eixos.

Já amei tanto alguém, que senti como se tivesse desaprendido a viver, e a agir, tal era a forma que eu me comportava quando se tratava dela.

Eu que sempre achei que tinha respostas para tudo, me via constantemente sem palavras, sem saber agir diante tais sentimentos.

Já amei alguém, por quem me tornei, de certa forma, irracional.

Era como se meus neurônios se tornassem água escorrendo por meus ouvidos enquanto eu me perdia na simples curva de um sorriso...

Já amei tanto alguém, ao ponto de sentir como se me seus ossos se partissem a cada despedida, em cada beijo de até logo, era como se fosse um adeus. Eu suspirava saudades por onde passava, e só me curava... Meus ossos só se curavam, quando recebia o abraço de Olá.

E era como se as coisas finalmente estivessem em seu devido lugar.

Eu me sentia mais em casa, dentro de um abraço de carne e ossos, que dentro do meu quarto de telhas e tijolos ao qual vivi minha adolescência inteira.

Eu tratava todas as despedidas como se fosse um adeus, tentava me preparar para quando realmente acontecesse.

Até que aconteceu.

E eu descobri que não há como se preparar para isso.

A gente pode até prever a chegada de um furacão, e suas dimensões.

Mas nunca vamos poder prever o que restará quando ele for embora.

Bem, não restou muito de mim desde que ela partiu.

( Apenas textos ruins como esse. )

Luau Atipico


Em um domingo qualquer, regado a tédio nicotina - é, isso mesmo... Tédio. Eu finalmente havia parado de beber. - encontrei um blog com diversos escritos enquanto zanzava sem rumo pela internet. 

Me impressionou o fato de que eu me perdia a cada palavra que lia... E te encontrava em cada verso. 

Passei a madrugada inteira lendo, e ao amanhecer, fingi que nada do que li havia me abalado, assim como eu fazia quando me traziam notícias suas. 

Quando me diziam que você estava bem, quando meu senso de ridículo falhava e eu perguntava por você... Meu cérebro repetia a resposta como um eco em uma sala vazia, e lá no fundo uma voz completava "sem você." 

Você sempre esteve bem, sem mim.

 E eu fingia estar bem, mesmo quando te via passar com um outro rapaz. 

Mesmo te vendo rir das bobagens de um outro alguém. 
As vezes eu me perdia no momento que seus olhos se fechavam em seu sorriso aberto, e no som da sua gargalhada, e me esquecia que aquele sorriso não era para mim. 

Mas me lembrava no momento seguinte ao ver braços fortes lhe rodearem... Braços que nunca seriam os meus.

Talvez eu devesse largar minhas tentativas falhas de textos bem sucedidos, e fazer um curso de teatro, algo do tipo que me levasse a ser uma atriz global... 

Mentir eu já sabia bem, mentir para mim mesma era o que eu precisava aprender.

Pois não importava o quanto eu dissesse, ou quanta convicção eu colocasse ao dizer que já havia superado, eu não podia te ver passar pela rua que meu coração... 
 Ah, essa coisa idiota composta por carne e músculos, fazia questão de jogar na minha cara todas minhas mentiras mal contadas. 
( Como se meus amigos do peito já não fizessem isso o suficiente. )

Eu gostaria de dizer que fui às 99 festas sem você, e que na centésima você apareceu, como diz um dos meus textos preferidos desses escritores de internet... 

Mas 99 festas ta longe de ser o que frequentei. 

Fui no máximo à umas 20, nunca tive saco pra isso. 

Mas bares? Fui à muitos, tantos que perdi a conta. 

Fui também à alguns eventos, aqueles pequenos eventos de cidades ao qual as pessoas costumam ir acompanhadas.
 
( E eu sempre estava bem acompanhada, por meus bons amigos e algumas garrafas de pinga. ) 

Fui também à diversos shows. Dancei sozinha, cai de bebada ao meio fio, ri com estranhos, cantei raggae pros cachorros da rua... Fiz tudo o que uma pessoa disiludida poderia fazer para tentar se divertir, e fiz tantas merdas quanto uma pessoa de coração partido faria. 

Era essa a questão, eu estava de coração partido. 

Mas nunca que iria admitir. 

( Preferia acreditar que você o levou consigo quando foi embora da minha vida. )


Estranhamente, em um rolê qualquer, atípico como só um luau em meio à uma terça-feira poderia ser, eu já me encontrava um pouco prá lá de bêbada, resmungando comigo mesma a ideia estúpida de ter saído de casa quando eu podia estar no conforto da minha cama, e não naquele frio dos infernos na maresia de Julho... você apareceu. 

Como eu disse, não foi na centésima festa. 

O abraço não fez doer as feridas... 

O abraço nunca veio, e as feridas já estavam todas saradas. 

Você simplesmente sentou ao meu lado na areia, bebeu do meu vinho direto do gargalo e me roubou alguns cigarros com propriedade que só você teria.

Descobri que éramos ótimas em fingir.

Você zombou de mim, disse que em meu último texto eu dizia que havia parado de beber, respondi que eu era reincidente, você disse que também era. 

Figimos que era da bebida que estavamos falando. 

Naquela noite nós fingimos muito.

Fingimos que não havia se passado meses que nos vimos, e que a última vez você não estava nos braços de um outro alguém. Fingimos que não fazia anos que o nós havia sido deixado para trás. 

Fingimos que não fazia muito tempo que não nos falávamos, que não haviamos concordado em um acordo silencioso sobre cortar o contato. 

Nos apenas bebemos, rimos, brincamos como a muito tempo não faziamos. 

Tomamos banho de mar, mesmo sem estar de roupa de banho, e o frio de Julho já não era tão incômodo. 

Entendi que todo aquele tempo foi necessário. Precisavamos lidar com a falta, cada um da sua maneira. 

Você com seus alguém, eu com meus versos e bebidas... cada um se matando da forma que bem entendia. 

Eu precisava daquilo. 

Precisava ser minha primeiro, para então pertencer a alguém. 

Precisava saber perder, para então ter alguém. 

Vi então, que o amor já não era lá uma necessidade, ter sua companhia já me era algo. Aprendi a me contentar com o pouco, para merecer ter o muito. 

E eu te tive. 

Te tive em minhas mãos e deixei escapar...

Mas aquela noite, era como se não pertencessemos a ninguém além de nós mesma. 

E pela primeira vez, em anos, um texto meu teve um final feliz. 

( Nem que tenha sido apenas por algumas horas. )