domingo, 28 de abril de 2019

Trem desgovernado

A paixão veio forte, desenfreada, como um trem desgorvernado.

Você era o piloto, louco o suficiente para acelerar uma maquina sem freio em direção à uma encruzilhada.

E eu, inconsequente ao ponto, me joguei ao seu encontro.

( E o resultado não poderia ser menos catastrófico.)

O choque foi violento, me arremessou alguns metros longe...

e você  se destroçou.

( Há restos de mim em seus destroços... Ou do que eu costumava ser. )

sábado, 27 de abril de 2019

Anti-poético

Queria que sua partida tivesse sido poética.

Mas a sua falta não cabe num verso,
Nem mesmo num poema inteiro.

E eu não tenho palavras para a sua saudade,
Nem mesmo sei descrever sua ausência.

Apenas sei que dói, doeu.

E não ´nada lírico, passa longe de ser poético.

( Ainda reside em mim alguns vazios teus. )

Queria que fosse poético, por um instante realmente desejei...

Mas não passa de um sentimento masoquista, que me torturo em pensar por horas a fio.



Voltei a beber.

No verso das suas cartas

"Eu não estou pronta para manter nenhum contato com você.

Não quando a memória do nós ainda está aqui, fresca em minha mente.

Talvez, daqui a um tempo eu seja capaz.

Quando você já não significar tanto, quando a simples menção do seu nome não me causar conflitos internos.
Quando a nossa música tocar no rádio e não me despertar nenhuma nostalgia ou angustia letárgica.

Talvez quando a ferida não estiver tão exposta, sangrando  cada vez que respiro.

Quem sabe quando eu te ver passar por mim na rua e meu coração não errar nenhuma batida ao reconhecer a quem ainda pertence.

Tenho certeza que serei capaz de permitir que mantenhamos ao menos uma amizade quando você já não for a minha pessoa, e esse espaço estiver sendo ocupado por outro alguém...

Por mim mesma, quem sabe.

Até lá, irei fingir que não te conheço quando nosso horários forem covenientes o bastante para fazer com que a gente se esbarre pela avenida.

Vou fingir que nunca ouvi seu nome antes, quando alguém perguntar se eu te conheço.

Vou fazer pouco caso quando perguntarem do término.

Vou fingir que não foi importante,

Espero que não se importe."



( Você tinha razão, eu não sei mentir. )

Hoje eu vi você


Por todo o tempo em que estivemos no mesmo ambiente...
Me senti observada.

De forma discreta.

E por mais que meu coração traidor me importunasse o juízo, de forma que eu me sentisse tentada a devolver o olhar...

( O suposto olhar. )

Eu não consegui.


Hoje eu vi você


Tão diferente do que eu conhecia
Sua energia vibrando em ondas que não reconheci.

Mas fiquei feliz.

Por serem melhores do que as que eu já estive em sintonia.


Hoje eu vi você

E fiz de tudo para não olhar na direção em que você estava.
Fiz de tudo para não focar o olhar em você.
Pois nos míseros segundos em que meu cérebro processava a informação das suas mudanças,

Quando vi você,

Alguns sentimentos,
Que há um tempo eu jurei ter engolido junto à algumas doses amargas,

Voltaram com tudo para a minha garganta.

E todo o tempo que passei evitando te olhar,
foi para tentar engolir de volta.

Pois é.

Eu não consegui.

Por isso vomito todos eles aqui.