sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Chuva de verão.





 Lembrar de você, em resumo, é como aquela chuva de verão que me pegou de surpresa no caminho para o trabalho.


Meu pobre guarda chuva resistiu a ventania, mas não fez um bom trabalho em me proteger das gotas e dos carros que passavam rápido pelas poças. 


Em outro momento eu diria que situações repentinas não me surpreendem, que amo a chuva e nunca tive medo de me molhar... E que em outra ocasião eu apenas correria para dançar na chuva e comemorar o cheiro de terra molhada.


Mas hoje sei que é inconveniente chegar molhado no trabalho. 


Apesar de continuar amando a chuva. 



Enfim, te respondo apenas que 


Eu não posso te oferecer um livro, até porque larguei pela metade os que comecei, pois me dei conta que não sou tão bom assim com romances, por mais que eu tenha estudado bastante. 


Posso te oferecer um verso, e se um verso não for o suficiente eu posso tentar um conto. 


Contos eu consigo terminar. 


Espero que aceite, mas, por favor,


Só não me peça sonetos.

sábado, 24 de agosto de 2024

Tio Mauro

 Por vezes lembro do meu tio que veio de longe e conquistou seu lugar na família por direito 


Me apoiou para que eu viesse e que me desfizesse de algumas incertezas que já não me dizia respeito 


E o mais valioso preceito:


Me aconselhou a não guardar a saudade no bolso da jaqueta, mas escondida numa gaveta...


para não pesar no peito.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Terra do sol

É que eu sou da terra do sol, 

e meu sangue é fervente.


Nesta cidade, preciso de tudo igualmente quente.


Banho ao ponto de escaldar a pele; 

Café ao ponto de queimar os lábios...


E amores ao ponto de derreter a alma.

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Idioma.

 Eu sei que o melhor pra nós foi ter ido embora

Mas puta que pariu

Recife agora era o que eu mais queria 

E até meu sotaque não mente

Esse jeito de falar tão displicente 

Da forma que é contraditório

Se eu não explicasse, você não entenderia 

E talvez seja disso que eu sinta tanta falta...

Não ter que me explicar. 


Recife meu lugar, Pernambuco meus país. 




terça-feira, 22 de março de 2022

Escrever por amor

 
Escrever por amor? Quem dera. 

A unica coisa que o amor me deu foi uma pilha de papel velho em minha mesa, somado a uns tantos traumas. ( E chifres, não esqueçam que sou pernambucana, todos sabem que Recife vai se acabar em gaia. ) 
 

Tenho alergia a poeira e a terapia é muito cara. 

E essas merdas de textos são de graça. 

Quando lançaram o Amor na terra, os Deuses nos fizeram foi uma piada grosseira. 

Pois é, de graça, toda essa desgraça. 

Onde está a graça? 

Em algum inferninho por ai

onde estarei logo mais, 

Até mais. 

Perguntas sem respostas.

A verdade é que busquei por respostas para perguntas que nem mesmo sabia quais,
nas esquinas que andei e nos jornais que fingi ler no ponto do ônibus,
nos inúmeros discos das rádios que ouvi
e nas meias palavras saídas de tantas bocas por ai.

Mas é difícil achar respostas se você não sabe nem ao menos qual são as perguntas. 

Há uma inquietação dentro de mim. 

É, Gato de Winchester, se a gente não sabe pra onde ir: qualquer caminho serve. 

E se não sabemos quais são as perguntas, qualquer resposta deve servir também. 

Reconstruir envolve destruir primeiro.

 Você me quebrou 

Em tantas partes que mal pude contar nos dedos
E você partiu 
Levando tudo que eu demorei anos para construir 
E você sumiu
Por tanto tempo que pensei até que você não passou de delírios meus
E você me deixou
Naqueles momentos em que deixo a tv ligada para não me sentir tão sozinha
Para não acabar surda com os ecos da sala vazia.

Meu padrasto é pedreiro, entendo uma coisa ou outra de construção,
ele e mainha se deixaram tantas vezes que também aprendi sobre reconstrução. 
Meus delírios são mais confiáveis que você, custei a perceber, 
e de tanto ouvir telejornais, tive assunto pra por na minha redação. 
Agora que descobri que sobrevivo muito bem  com a sua falta, não faço questão de sua presença.

Volte para o quinto dos infernos de onde saiu, passar bem.